quarta-feira, 18 de março de 2015



A CRÔNICA



PLANO DE AULA

DISCIPLINA: Língua Portuguesa                                                   
PROFESSOR: Ricardo Malheiros
CONTEÚDO: A Crônica
OBJETIVOS: Conhecer e destacar as características de uma crônica e diferenciá-la dos demais gêneros narrativos.
METODOLOGIA: Roda de leitura, leitura compartilhada, exercícios escritos, dinâmica de percepção do texto, diálogo.

                                        
Gênero textual: Crônica
Ampliando os conhecimentos

            O texto que você leu é uma crônica, um gênero publicado em jornais e revistas, porém, diferentes de outros gêneros jornalísticos, como a noticia, a reportagem.
            A crônica se caracteriza por apresentar os fatos do cotidiano de forma artística e pessoal.
            A crônica quase sempre é um texto curto escrito numa linguagem coloquial, simples e direta. Apresenta poucos personagens e se inicia quando os fatos principais de narrativa estão por acontecer. Por essa razão, o tempo e o espaço da crônica são limitados: as ações normalmente ocorrem num único espaço e o tempo não dura mais do que alguns minutos ou, no máximo, algumas horas.
(William Roberto Cereja)


TEXTO

Na escuridão miserável
Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico.
Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com os olhos grandes e parados como os de um bicho ao meio fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente, encostada ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:
            _ O que foi minha filha? Perguntei, naturalmente pensando tratar-se de esmola.
            _ Nada não senhor – respondeu-me com medo, um fio de voz infantil.
            _ O que é que você está me olhando ai?
            _ Nada não senhor – repetiu. Esperando o bonde...
            _Onde é que você mora?
            _ Na praia do pinto.
            _ Vou para aquele lado. Quer uma carona?
            Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
            _ Entra aí, que eu te levo.
            Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para frente, não ousava fazer um movimento.
            Tentei puxar conversa:
            _ Como é o seu nome?
            _ Tereza.
            _ Quantos anos você tem?
            _Dez
_ E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
_ A casa da minha patroa é ali.
_ Patroa? Que patroa?
Pela sua resposta pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: Lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava as sete da manhã, saía as oito da noite.
Hoje saí mais cedo. Foi jantar.
_Você já jantou?
_ Não. Eu almocei.
_ Você não almoça todo dia?
_ Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida para mim.
_ E quando não tem?
_ Quando não tem, não tem – e ela parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos. Um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês.
_ E quanto você ganha?
_ Mil cruzeiros.
_ Por mês?
Diminui a marcha, assombrado, quase parei o carro, tomado de indignação. Meu impulso era voltar, bater na porta da mulher e meter-lhe a mão na cara.
_ Como é que você foi parar na casa dessa... Foi parar nessa casa? Perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim da Rua no Leblon se aproximava das vielas da praia do Pinto. Ela disparou a falar:
_ Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí no outro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela. Então mamãe deixou porque não pode ficar com os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados. Pode parar que é aqui seu moço, obrigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.
Sabino, Fernando. A companhia de viagem. 4ª ed. Rio de Janeiro, Record, 1977, p. 137


Interagindo com o texto

1)      A menina aceita a carona do desconhecido, mas se percebe que ela não se sente a vontade. Porque isso acontece?

2)      .Que estratégia o narrador utiliza para conquistar a confiança da menina?


3)      Que sentimento o narrador experimenta ao saber que a menina não almoça todos os dias?

4)      Como o narrador reage ao saber o valor do salário de Tereza? Por que ele tem essa reação?

5)      Releia a crônica “Na escuridão miserável” e identifique seus elementos estruturais: Personagens – Caracterização da personagem principal – Locais onde se passam os fatos – Tempo em que acontecem os fatos.
                                          
BONS ESTUDOS!

PROFESSOR RICARDO MALHEIROS. 

quarta-feira, 4 de março de 2015








ELEMENTOS DA NARRAÇÃO


Ao falarmos em narração, logo nos remete à ideia do ato de contar histórias, sejam estas verídicas ou fictícias.

E para que essa história seja dotada de sentido, ela precisa atender a critérios específicos no que se refere aos seus elementos constitutivos. Dentre eles destacam-se:

Espaço - É o local onde acontecem os fatos, onde as personagens se movimentam. Existe o espaço “físico”, que é aquele que caracteriza o enredo, e o “psicológico”, que retrata a vivência subjetiva dos personagens.

Tempo - Caracteriza o desencadear dos fatos. É constituído pelo cronológico, que, como o próprio nome diz, é ligado a horas, meses, anos, ou seja, marcado pelos ponteiros do relógio e pelo calendário.

O outro é o psicológico, ligado às lembranças, aos sentimentos interiores vividos pelos personagens e intrinsecamente relacionados com a característica pessoal de cada um.

Personagens - São as peças fundamentais, pois sem elas não haveria o próprio enredo.

Há a predominância de personagens que se destacam pelos atos heroicos, chamadas de principais, outras que se relacionam pelo seu caráter de oposição, as antagonistas, e as secundárias, que não se destacam tanto quanto as primárias, funcionando apenas como suporte da trama em si.

Narrador - É aquele que narra a história, atuando como um mediador entre a história narrada e o leitor/ouvinte. Classifica-se em três modalidades:

Narrador-personagem - Ele conta e participa dos fatos ao mesmo tempo. Neste caso a narrativa é contada em 1ª pessoa.

Narrador-observador - Apenas limita-se em descrever os fatos sem se envolver com os mesmos. Aí predomina-se o uso da 3ª pessoa.

Narrador Onisciente - Esse sabe tudo sobre o enredo e os personagens, revelando os sentimentos e pensamentos mais íntimos, de uma maneira que vai além da própria imaginação. Muitas vezes sua voz se confunde com a dos personagens, é o que chamamos de Discurso Indireto Livre.

Todos estes elementos correlacionam entre si, formando o que denominamos de enredo, 
que é o desencadear dos fatos, a essência da história, a qual se constituirá para um desfecho imprevisível que talvez não corresponderá às expectativas do leitor.

Este, portanto, poderá ser triste, alegre, cômico ou trágico, dependo do ponto de vista do narrador

Estrutura das Palavras







PLANO DE AULA
Disciplina: Língua Portuguesa
Conteúdo: Morfologia - Estrutura das Palavras
Professor: Ricardo Malheiros

Objetivo: Inserir o aluno no estudo da Morfologia, expondo-lhe o conteúdo sobre Estrutura das palavras, permitindo assim que diferencie os elementos que compõem essa estrutura e os reconheça.
Procedimentos Metodológicos: Aula expositiva com o conteúdo didático e exercícios para assimilação e reconhecimento desses elementos.
Estrutura das Palavras
As palavras são constituídas de morfemas.
Morfema: É a menor unidade significativa que entra na constituição da palavra.
São eles: Radical, Afixos, Infixos, Vogal Temática, Tema, Desinências.
Radical: É o elemento comum de palavras cognatas também chamadas de palavras da mesma família. É responsável pelo significado básico da palavra.
Ex.: terra, terreno, terreiro, terrinha, enterrar, terrestre...
Às vezes, ele sofre pequenas alterações. Ex.: dormir, durmo; querer, quis
As palavras que possuem mais de um radical são chamadas de compostas.  Ex.: passatempo
Afixos:  São partículas que se anexam ao radical para formar outras palavras. Existem dois tipos de afixos:
Prefixos: colocados antes do radical. Ex.: desleal, ilegal
Sufixos: colocados depois do radical. Ex.: folhagem, legalmente
Infixos: São vogais ou consoantes de ligação que entram na formação das palavras para facilitar a pronúncia. Existem em algumas palavras por necessidade fonética. Os infixos não são significativos, não sendo considerados morfemas.
Ex.: café-cafeteira, capim-capinzal, gás-gasômetro
Vogal Temática: Vogal Temática (VT) se junta ao radical para receber outros elementos. Fica entre dois morfemas. Existe vogal temática em verbos e nomes. Ex.: beber, rosa, sala.
Nos verbos, a VT indica a conjugação a que pertencem ( 1ª , 2ª ou 3ª ). Ex.: partir- verbo de 3ª conjugação
Há formas verbais e nomes sem VT. Ex.: rapaz, mato(verbo)
A VT não marca nenhuma flexão, portanto é diferente de desinência.
Tema: Tema = radical + vogal temática
Ex.: cantar = cant + a, mala = mal + a, rosa = ros + a
Desinências: São morfemas colocados no final das palavras para indicar flexões verbais ou nominais.
Podem ser:
Nominais:  indicam gênero e número de nomes ( substantivos, adjetivos, pronomes, numerais ). Ex.: casa - casas, gato - gata

Verbais: indicam número, pessoa, tempo e modo dos verbos. Existem dois tipos de desinências verbais: desinências modo-temporal (DMT) e desinências número-pessoal (DNP). Ex.: Nós corremos, se eles corressem (DNP); se nós corrêssemos, tu correras (DMT) 
Algumas formas verbais não têm desinências como: trouxe, bebe...
 Verbo-nominais: indicam as formas nominais dos verbos (infinitivo, gerúndio e particípio). Ex.:beber, correndo, partido
Quadro das principais desinências

DESINÊNCIAS  
NOMINAIS
Gênero
masculino (-o) 
feminino (-a)
Número
singular (não há)
plural (-s)
VERBAIS
de tempo e modo
-va,-ve: imperfeito do indicativo, 1ª conjugação  
-ia, -ie: imperfeito do indicativo, 2ª e 3ª conjugações
-ra, -re: mais-que-perfeito do indicativo (átono)
-sse: imperfeito do subjuntivo
-ra, -re: futuro do presente do indicativo (tônico)
-ria, -rie: futuro do pretérito do indicativo
-r: futuro do subjuntivo
-e: presente do subjuntivo, 1º conjugação
-a: presente do subjuntivo, 2º e 3º conjugações
de pessoa e número
-o: 1ª pessoa do singular, presente do indicativo  
-s: 2ª pessoa do singular
-mos: 1ª pessoa do plural
-is-, -des: 2ª pessoa do plural
-m: 3ª pessoa do plural
  VERBO-NOMINAIS
-r: infinitivo 
-ndo: gerúndio
 
-do: particípio regular