sábado, 6 de abril de 2013

Tribulto à nossa Língua



Língua portuguesa
Olavo Bilac

                              Última flor do Lácio, inculta e bela,
                              És, a um tempo, esplendor e sepultura:
                              Ouro nativo, que na ganga impura
                              A bruta mina entre os cascalhos vela...

                              Amo-te assim, desconhecida e obscura.
                              Tuba de alto clangor, lira singela,
                              Que tens o trom e o silvo da procela,
                              E o arrolo da saudade e da ternura!

                              Amo o teu viço agreste e o teu aroma
                              De virgens selvas e de oceano largo!
                              Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

                              em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
                              E em que Camões chorou, no exílio amargo,
                              O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac, além de poeta parnasiano, cronista, contista, conferencista e autor de livros didáticos, deixou também na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República vasta colaboração humorística e satírica, assinada com os mais variados pseudônimos, entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., assinando, em outras vezes, o seu próprio nome. Nascido no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em que ocupou a cadeira nº. 15, que tem Gonçalves Dias por patrono. No seu principal livro, "Poesias", incluiu Bilac alguns sonetos satíricos , sob o título de "Os Monstros". Escreveu livros em colaboração com Coelho Neto, Manuel Bonfim e Guimarães Passos, sendo que, com este último, o volume intitulado "Pimentões", de versos humorísticos.


Os versos acima foram extraídos do livro "Poesias", Livraria Francisco Alves - Rio de Janeiro, 1964, pág. 262.



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